Há muitos anos, num país muito distante vivia um povo infeliz e solitário, vergado sob o peso de uma misteriosa tristeza. O céu era alto e azul, os campo férteis, o mar e os rios cheios de peixes e de vida, as cidades quentes e luminosas, mas as pessoas que passavam entreolhavam-se com olhos tristes, caminhando apressadamente e sumindo-se dentro das casas; e quando se encontravam umas com as outras, nos cafés, nos empregos, na rua, falavam baixo, como se alguma coisa, um segredo terrível, as amedrontasse. [...]
in O Tesouro, Manuel António Pina